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Impressões do amanhecer - (gostaria de ter escrito esse texto – mas me falta competência)


 

Vagar por um mundo que perdeu o sentido é estranho. Não se reconhecer em quase nada. Não saber por que caminhos andar, de que frutos comer, em quem confiar, quem seguir. Desconstruir é importante para reconstruir uma nova visão, mas o processo vai se tornando mais lento a medida que paradoxalmente tudo ganha uma velocidade insuportável.

Aquilo que era ontem, já não é mais hoje. Aquele que te dava as mãos, passa a te empurrar para baixo. Como se acostumar com um lugar onde o que vale mais é o que pra ti não tem qualquer valor, e onde parte grande dos seus valores não valem absolutamente nada.

É como andar num quarto completamente escuro, com vendas nos olhos e um monte de tralhas pontiagudas espalhadas pelas alturas das suas canelas e a cada pancada você suporta a dor e tenta achar a porta da saída, mas não parece haver uma.

É como passear por ruas onde ninguém olha para os lados, não há sorrisos, apertos de mãos, abraços sinceros, apenas atividades mecânicas, robóticas, plastificadas.

Pessoas de plástico, corações de plástico, sorrisos de plástico.

Há se não fossem os poucos e verdadeiros amigos. Uma família de verdade, livros, sonhos, musicas, filmes, e pequenos escapes para que conseguir tomar um ar e emborcar novamente para dentro de um mundo completamente sem sentido.

Estão cada vez mais individualistas, mal educados, egoístas, mesquinhos, bobalhões. O que eles acham que é humor, acho que é palhaçada. No que eles vêem sarcasmo, vejo ignorância. É a ironia avisada, a metáfora rasa, o falso vendido como verdadeiro. Aplaudir o desonesto e execrar quem não compactua.

Ta tudo tão na cara, mas a grande maioria cegou. Cegou em busca de desejos fúteis.

Tudo virou apenas comércio. O estudo, a informação, até tradições estão sendo vendidas. O que você pode fazer contra isso? Um vídeo no Youtube, dando lições de moral e vendendo uma idéia quase impossível de se colocar em prática? Textos como este, que são lidos por trinta, quarenta pessoas, se muito? Como sobreviver sem se contaminar? Como tirar o sustento sem se corroer por dentro?

É seguir Darwin e se adaptar para não desaparecer ou ter fé num Deus lotado de pedidos de ajuda?

Passando a madrugada em claro. Olhando o teto. Tentando encontrar o equilíbrio em meio ao total desequilíbrio coletivo. É entender que é preciso ter força, estômago, criatividade e buscar uma tolerância que não te faça vomitar cada vez que assiste TV, lê um jornal ou brinca de avatar numa rede social.

As pessoas estão frustradas, não trabalham com o que gostam, ganham pouco, passam horas no trânsito, muitas precisam fazer qualquer coisa para arrumar algum dinheiro, outras precisam fazer qualquer coisa para chamar atenção.

Para onde estamos indo? Para onde estão nos levando?

Sempre faço estas perguntas, quando começo a bater a cabeça na parede buscando um estalo que me faça descobrir algum outro caminho que não o desse monte de gente que caminha em direção ao matadouro sem perceber que cada passo adiante é um retrocesso.

Queria ter uma carapaça, como um índio urbano, com escudos, flechas e lanças.

Conseguir não ser atingido por tudo que me causa esta sensação de que não há interesse nas mudanças humanas, há interesses apenas nos novos lançamentos da Apple. Lançar flechas de uma esperança real nos seres que habitam este planeta, arremessar lanças de amor, de paixão, de compreensão.

O que mais me corrói e saber que por tantas vezes acabo me deixando levar pelas mesmas atitudes que condeno. Numa atitude de auto-preservação, agir como se estivesse me afogando e agarrar o que estiver mais próximo para então servir de apoio para que não afunde no meio de tanto ódio. E quando me dou conta disso e vejo que colaborei em algum momento com este lixo todo, meu coração aperta, sinto falta de ar, tenho vontade de desaparecer, de virar as costas e fugir para algum lugar onde encontre um colo, um abraço carinhoso, um beijo no rosto que me traga de volta a sensação de paz.

Por fim...

É preciso saber se defender, sobreviver e viver, mas sem usar dos mesmos métodos dessa gente estúpida e para isso é preciso identificar até onde tu te contaminou com esse comportamento imbecil.

Se isso é um trabalho árduo e que exige concentração, disciplina e determinação.

Então, lá vou eu....

Tentando e tentando e tentando.

Texto de Tico Santa Cruz

http://bloglog.globo.com/ticosantacruz/

5 comentários:

Anônimo disse...

Cade você, Maria Bonita

Maria Bonita disse...

Estou aqui, trabalhando numa coisa muito importante....estou atenta,não se preocupe....rs

Ferreira disse...

É dona regina mas tá dificilas coisas neste mundoem Regina é muita fraude.
Eu sempre te apoio regina mas últimamente desagreditei no tribunal.
Pode parar muito corrupção eu que batalho em cartório sou cartóraria desanimei muita sujeira e desembargadores injustos em decisões sobre cartório.
MOROSIDADE E CORRUPÇÂO
Parece que este tj é muito sujo que o que deve de infelizes ser injustiçados neste estado ainda tá por vir

Anônimo disse...

É algum PCA de Cartório irregular?

Maria Bonita disse...

Ao Leitor(a) de 03 Junho, 2011 22:49
Dessa vez a coisa é mais feia: DESEMBARGADORES.