Depois do meu último post recebí um recado……será??

Anônimo disse...

CARTA AO AMIGO...?

Hoje, amigos comuns me deram notícias de você. Não foi preciso muitos detalhe, para perceber que ela está chegando. Sei perceber quando ela se aproxima. Conhenço sua cara, o silêncio dos
seus passos, o repente de seu ataque, suas astúcias. A morte, como você sabe, é conhecida.
Você sabe que vão te matar, como eu sei que vou morrer um dia? Você sabe quem vai te matar, conhece seu rosto interposto na pele de uma matador de aluguel, foi assim com o seu mestre, como eu sei que como você que ficarão impunes. Você sabe que não impedirão a tua morte, como eu sei que depois todos ocorrerão para ver teu corpo cercado de futuras vitimas, amigos que aqui choramos tua ausência.
Mas, na mesma noite, o governador Pessuti dará ordens para apurar os fatos com todo rigor. O secretário de segurança dirá que o peso da lei esmagará os culpados, o diretor da polícia civil dará prazos para a polícia encontrar os culpados, mesmo que tenha de descer aos infernos, dentro e fora do país. Nelson Justos ameaçará renunciar, tendo as mãos cheias de telegramas de câmaras de vereadores e de prefeitos de todo o Paraná. A Gazeta do Povo/RPC/Globo fará o teu necrológio paranista e alguns produtores de cinema comprarão os direitos autorais de tua morte. Tudo igual ao Ayrton Senna, amigo...?
No Paraná é assim, amigo...? Tudo é muito mais importante depois que se perde. A vida só tem valor depois de morta. O amor só é reconhecido depois da partida. Você, vivo, é um simples jagunço de pé rachado, da região do Contestado, filho de um libanês milionário; que foi escolhido por um libanês comerciante falido de União da Vitória, que tornou-se um dos maiores políticos que este estado conheçeu, para ser o seu discípulo; para esta elite de coluna social, e altos cargos públicos de Curitiba, você e seu mestre "in memorian" não passam(ram) de simples ferramentas para eles, continuarem a dilapidação do erário. Essa mesma elite curitibana, que os seus antepassados assassinaram o Barão de Serro Azul, fidalgos da noite! Nós para eles , como todos os outros do interior do Paraná, que lutamos em vencemos em Curitiba o nosso destino é viver sem futuro. Você morto é notícia nacional, vira gente, adquire cidadania, importância, revive da morte, desperta solidariedade que infelizmente só chega para o enterro. Aqui, neste Estado, somo todos cúmplices das mortes anunciadas, como a tua.
Na última conversa que tivemos, eu sabia que ela já estava montada nas suas costas, porque você estava decidido a viver junto com os teus companheiros, áqueles que são contra vender o patrimônio do Estado, a não pedir asilo nas suas mansões, iates, amantes..., a não abandonar tua grande família e eu sei que ninguém neste Estado irá desmontar a indústria do assassinato a tempo de salvar a tua vida. Não porque não possam, mas porque não querem.
Assim mesmo, tentei dizer que não via sentido em líder morto, dado que o fundamental é ter princípios e não deixar que eles voltem para vender o que resto do Estado. Mas no seu olhar brilhava uma estrela voltada para outro norte, onde lutar pela própria vida não afasta da solidariedade para com os demais. Eu já vi essa luz em outros olhos. Seu espelho é Anibal Curi.
Por isso nada mais me resta que escrever esta carta para te dar um abraço, enquanto a vida nos coloca lado a lado, na esperança que o Estado que deveria existir para proteger os direitos e a vida de todos os cidadãos, faça algo para deter a mão que irá lhe matar. Quem sabe eles dessa vez não chegam antes?
Cuide-se, amigo...?
Nota dos autores. Amigo...? Como você nos ensinou: "não somos amigos somente no sucesso, somos amigos, também na desgraça."

 

01 Junho, 2010 21:47